Disse o profeta:
Sabe do que, magrinha?
Eu tô liso e reto hoje. Não vem com curva, nada muito sutil ou subliminar. Não quero brincar
de preencher os vazios das idéias, histórias e pessoas. Será que ele lembra? Será que presta atenção no que digo? Será que me ama como eu o amo?
E assim prender minha atenção. Nesse novelo sem fim de respostas sem pergunta.
Olha, fala tudo direitinho como o tio ensinou. Fala de fatos e sentimentos, sem nomes longos, grandes famílias e tramas palacianas. Postos, cargos e medalhas. Holerites, contra-cheques, aposentadoria e número do pis. Ano fiscal, ano eleitoral, ano anal.
Comunica o que realmente importa. A essência saborosa dos teus pensamentos sobre a vida.
Assim eu te ouço com prazer. Assim terás minha grata e emocionada atenção.
Compreendeste, magrinha?
Disse o profeta:
Achei mais uma figura. Linda Marx:
-Ei Deus,o que você faria se eu desafiasse sua vontade, se lutasse contra o que vc quer e contra o que acha que está certo? O que você faria, quem seria você se eu desconsiderasse sua presença, se queimasse seus livros e riscasse todos os seus discos antigos? Hein? Escute Deus, de uma vez por todas, preste bem atenção...
-Desculpe interrompê-la Srta. Linda Marxs,mas se eu fosse você não faria isso...Sua arrogância está ultrapassando os limites do aceitável e terei que aplicar uma correção de praxe para manter a ordem!
-E o que será agora, hein Deus? Furacão, tempestade? Pensa que tenho medo de você?!?
-Cólica Linda Marxs; Estou certo que você se lembra bem...
Ok.Deus tem sempre razão.
O link tá aí do lado.
Achei mais uma figura. Linda Marx:
-Ei Deus,o que você faria se eu desafiasse sua vontade, se lutasse contra o que vc quer e contra o que acha que está certo? O que você faria, quem seria você se eu desconsiderasse sua presença, se queimasse seus livros e riscasse todos os seus discos antigos? Hein? Escute Deus, de uma vez por todas, preste bem atenção...
-Desculpe interrompê-la Srta. Linda Marxs,mas se eu fosse você não faria isso...Sua arrogância está ultrapassando os limites do aceitável e terei que aplicar uma correção de praxe para manter a ordem!
-E o que será agora, hein Deus? Furacão, tempestade? Pensa que tenho medo de você?!?
-Cólica Linda Marxs; Estou certo que você se lembra bem...
Ok.Deus tem sempre razão.
O link tá aí do lado.
Disse o profeta:
estou tentando achar o fio da meada que possa me trazer de volta ao convívio com os terráqueos. isso significa rever algumas decisões tomadas em momentos de grande dor e desespero. talvez isso esteja afetando também nossa singela construção. acreditar em algumas coisas também signfica desistir da segurança de outras. esse medo pode acender o rastilho de pólvora que explode o paiol.
mas por trás de tudo reside a força insofismável força da vida. que vai cicatrizando feridas impossíveis e colocando o barco de volta a seu rumo. em resumo, tenho sofrido e talvez isso me faça arisco. mas vou tentar aliviar alguns sintomas desse movimento.
estou tentando achar o fio da meada que possa me trazer de volta ao convívio com os terráqueos. isso significa rever algumas decisões tomadas em momentos de grande dor e desespero. talvez isso esteja afetando também nossa singela construção. acreditar em algumas coisas também signfica desistir da segurança de outras. esse medo pode acender o rastilho de pólvora que explode o paiol.
mas por trás de tudo reside a força insofismável força da vida. que vai cicatrizando feridas impossíveis e colocando o barco de volta a seu rumo. em resumo, tenho sofrido e talvez isso me faça arisco. mas vou tentar aliviar alguns sintomas desse movimento.
Disse o profeta:
Esse é do belo blog da Fernanda Oliviera
http://abertoparaaenergia.blogspot.com/
LOUCOS E SANTOS - OSCAR WILDE
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice.Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
Esse é do belo blog da Fernanda Oliviera
http://abertoparaaenergia.blogspot.com/
LOUCOS E SANTOS - OSCAR WILDE
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice.Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."
Disse o profeta:
Da série diálogos impossíveis, com a querida Pan de Sampa:
Nilo
mas vai ler, acho que vou fazer o mesmo
Pan
o problema é, qdo eu acabar esse, não terei mais o que ler
Nilo
conheço isso bem demais
quem sabe eu te ajudo a achar alguma coisa
Pan
ehehhe preciso de $ pra comprar
Nilo
aí tem uns sebos bons
Nilo
sebo do bac
Pan
ehehhe
Pan
mas nao tenho nem um realzinho sequer
Nilo
ah que lindo, exatamente como eu
Nilo
nem pra condução
Nilo
ah não, minto
Nilo
me deram 3 pila pro café, eu gastei 1 e sobraram 2
Pan
auhauahua
Pan
eu tô sem até pra condução
Pan
tá foda
Nilo
o antônio do boteco cobra 2 numa antártica
Pan
deixei um workshop do caraleo hj pra tras
Nilo
mas eu tomo no mínimo 5
Pan
fotografia + tipografia
Nilo
então vou esperar que chova
Pan
pq nao tinha como ir pra facul
Nilo
fueda
Da série diálogos impossíveis, com a querida Pan de Sampa:
Nilo
mas vai ler, acho que vou fazer o mesmo
Pan
o problema é, qdo eu acabar esse, não terei mais o que ler
Nilo
conheço isso bem demais
quem sabe eu te ajudo a achar alguma coisa
Pan
ehehhe preciso de $ pra comprar
Nilo
aí tem uns sebos bons
Nilo
sebo do bac
Pan
ehehhe
Pan
mas nao tenho nem um realzinho sequer
Nilo
ah que lindo, exatamente como eu
Nilo
nem pra condução
Nilo
ah não, minto
Nilo
me deram 3 pila pro café, eu gastei 1 e sobraram 2
Pan
auhauahua
Pan
eu tô sem até pra condução
Pan
tá foda
Nilo
o antônio do boteco cobra 2 numa antártica
Pan
deixei um workshop do caraleo hj pra tras
Nilo
mas eu tomo no mínimo 5
Pan
fotografia + tipografia
Nilo
então vou esperar que chova
Pan
pq nao tinha como ir pra facul
Nilo
fueda
Disse o profeta:
Do Efraim Medina Reyes, de um livro chamado Técnicas de masturbação entre batman e robin:
Há entre duas criaturas, entre dois silêncios, entre duas pedras, uma distância, um olho escuro e um relâmpago. O universo viaja muito adentro de si mesmo e se projeta em nós como um sonho. A realidade não são as estrelas mas o lugar vazio entre elas, a realidade não é o globo de Symnes mas o que está fora desse globo. Essa linha por onde se desloca cada dia nossa sombra, esse lugar que recolhe nossas emoções e silêncios, esse credo que não percebemos e que nos oprime, essa mutação sem saída.
Há entre duas criaturas um sopro, um fogo que arde para o interior, uma carícia jamais conseguida, um medo que assusta a si mesmo, um manicômio repleto, uma vida que gostaria de se inventar, algo inquietante, abismal.
Há entre duas criaturas uma folha seca, um peixe de cristal, uma coluna de formigas de ouro, uma canção sem voz, um crime, um segredo que não lhes pertence.
Do Efraim Medina Reyes, de um livro chamado Técnicas de masturbação entre batman e robin:
Há entre duas criaturas, entre dois silêncios, entre duas pedras, uma distância, um olho escuro e um relâmpago. O universo viaja muito adentro de si mesmo e se projeta em nós como um sonho. A realidade não são as estrelas mas o lugar vazio entre elas, a realidade não é o globo de Symnes mas o que está fora desse globo. Essa linha por onde se desloca cada dia nossa sombra, esse lugar que recolhe nossas emoções e silêncios, esse credo que não percebemos e que nos oprime, essa mutação sem saída.
Há entre duas criaturas um sopro, um fogo que arde para o interior, uma carícia jamais conseguida, um medo que assusta a si mesmo, um manicômio repleto, uma vida que gostaria de se inventar, algo inquietante, abismal.
Há entre duas criaturas uma folha seca, um peixe de cristal, uma coluna de formigas de ouro, uma canção sem voz, um crime, um segredo que não lhes pertence.
Disse o profeta:
Mais uma do velho safado, mesmo livro Factótum:
- Você é casado, Manny
- Sem chance.
- Mulheres?
- Às vezes, mas nunca dura.
- Qual é o problema?
- Uma mulher é um emprego de turno integral. É preciso escolher sua profissão.
- Acredito que há um esgotamento emocional.
- E físico também. Elas querem trepar dia e noite.
- Consiga uma que você goste de comer.
- Sim, mas se você bebe ou joga, elas pensam que isso deprecia o amor que elas sentem por você.
- Arrume uma que goste de beber, jogar e foder.
- Quem quer uma mulher assim?
Mais uma do velho safado, mesmo livro Factótum:
- Você é casado, Manny
- Sem chance.
- Mulheres?
- Às vezes, mas nunca dura.
- Qual é o problema?
- Uma mulher é um emprego de turno integral. É preciso escolher sua profissão.
- Acredito que há um esgotamento emocional.
- E físico também. Elas querem trepar dia e noite.
- Consiga uma que você goste de comer.
- Sim, mas se você bebe ou joga, elas pensam que isso deprecia o amor que elas sentem por você.
- Arrume uma que goste de beber, jogar e foder.
- Quem quer uma mulher assim?
uma dose de bukowksi
Disse o profeta:
Toda vez que eu passava pelo corredor da pensão, Gertrude parecia estar ali plantada. Era perfeita, sexo puro e enlouquecedor, e ela sabia disso, e jogava com isso, e destilava isso, e permitia que você sofresse desejando aquilo. Isso a deixava feliz. E também não me fazia mal. Ela podia simplesmente ter encerrado tudo, privando-me do calor que me provocavam aquelas gotinhas que ela deixava escorrer. Como a maioria dos homens numa situação como esta, percebi que não conseguiria nada com ela - conversas íntimas, excursões excitantes pela costa, longas caminhadas aos domingos - até que lhe tivesse feito umas quantas promessas absurdas.
- Você é um cara estranho. Passa um bocado de tempo sozinho, não?
- Sim.
- O que há de errado?
- Estive doente por muito tempo, antes daquela manhã em que você me conheceu.
- Está doente agora?
- Não.
- Então o que há de errado?
- Não gosto de pessoas.
- Você acha que isso é certo?
- Provalvelmente não.
- Você iria comigo ao cinema uma noite dessas?
Charles Bukowski in Factótum
Toda vez que eu passava pelo corredor da pensão, Gertrude parecia estar ali plantada. Era perfeita, sexo puro e enlouquecedor, e ela sabia disso, e jogava com isso, e destilava isso, e permitia que você sofresse desejando aquilo. Isso a deixava feliz. E também não me fazia mal. Ela podia simplesmente ter encerrado tudo, privando-me do calor que me provocavam aquelas gotinhas que ela deixava escorrer. Como a maioria dos homens numa situação como esta, percebi que não conseguiria nada com ela - conversas íntimas, excursões excitantes pela costa, longas caminhadas aos domingos - até que lhe tivesse feito umas quantas promessas absurdas.
- Você é um cara estranho. Passa um bocado de tempo sozinho, não?
- Sim.
- O que há de errado?
- Estive doente por muito tempo, antes daquela manhã em que você me conheceu.
- Está doente agora?
- Não.
- Então o que há de errado?
- Não gosto de pessoas.
- Você acha que isso é certo?
- Provalvelmente não.
- Você iria comigo ao cinema uma noite dessas?
Charles Bukowski in Factótum
Disse o profeta:
De Efraim Medina Reyes (O livro chama-se Técnicas de Masturbação entre Batman e Robin)
Para amar uma mulher, primeiro devemos fingir esse amor. Mentimos até conseguir amá-la e depois, quando chega o vazio, juramos que o amor ainda está ali. Nunca estamos de verdade com uma mulher, e sim com essa idéia de estar com ela. A mulher que desejamos está a distância e depois a proximidade a consome, faz dela um traste ou uma relíquia.
De Efraim Medina Reyes (O livro chama-se Técnicas de Masturbação entre Batman e Robin)
Para amar uma mulher, primeiro devemos fingir esse amor. Mentimos até conseguir amá-la e depois, quando chega o vazio, juramos que o amor ainda está ali. Nunca estamos de verdade com uma mulher, e sim com essa idéia de estar com ela. A mulher que desejamos está a distância e depois a proximidade a consome, faz dela um traste ou uma relíquia.
Disse o profeta:
O site Interzona tem uma relação de afinidade com a loucura. Por tratar de arte e filosofia, o Interzona não poderia deixar de abordar tal questão. A loucura é um fenômeno fundamental e está intimamente relacionada com a criação, seja ela artística ou filosófica. Como bem o disse Nietzsche, é a loucura que “aplana o caminho da idéia nova que rompe com a proclamação de um costume, de uma superstição venerada”. Sem ela, a arte e a filosofia como conhecemos hoje sequer seriam possíveis, e a vida, enfim, seria muito mais pobre.
O Interzona tem como proposta resgatar certos temas do espaço preconceituoso e moralista em que foram inseridos. Resgatar o tema das drogas e da loucura, por exemplo. Nossa posição não é exatamente a da imparcialidade ou da isenção, não cultuamos a justiça nem o equilíbrio. O que se pretende de fato é afirmar a positividade e a necessidade de certos temas e atitudes. Temas que não são nem polêmicos nem nocivos, apenas diferentes dos temas ditos adequados.
O site Interzona tem uma relação de afinidade com a loucura. Por tratar de arte e filosofia, o Interzona não poderia deixar de abordar tal questão. A loucura é um fenômeno fundamental e está intimamente relacionada com a criação, seja ela artística ou filosófica. Como bem o disse Nietzsche, é a loucura que “aplana o caminho da idéia nova que rompe com a proclamação de um costume, de uma superstição venerada”. Sem ela, a arte e a filosofia como conhecemos hoje sequer seriam possíveis, e a vida, enfim, seria muito mais pobre.
O Interzona tem como proposta resgatar certos temas do espaço preconceituoso e moralista em que foram inseridos. Resgatar o tema das drogas e da loucura, por exemplo. Nossa posição não é exatamente a da imparcialidade ou da isenção, não cultuamos a justiça nem o equilíbrio. O que se pretende de fato é afirmar a positividade e a necessidade de certos temas e atitudes. Temas que não são nem polêmicos nem nocivos, apenas diferentes dos temas ditos adequados.
Disse o profeta:
Saudade
Não é um cálculo de proporção, não obedece a nenhuma regra. É um frio no pé que faz o tempo passar bem mais devagar.
Da Sol
http://blueyed.blogspot.com/
Saudade
Não é um cálculo de proporção, não obedece a nenhuma regra. É um frio no pé que faz o tempo passar bem mais devagar.
Da Sol
http://blueyed.blogspot.com/
Deus está morto.
Disse o profeta:
Assim, a morte de Deus abriria caminho para novas possibilidades humanas. Os homens, não mais procurando vislumbrar uma realidade sobrenatural, poderiam começar a reconhecer o valor deste mundo. Assumir a morte de Deus seria livrar-se dos pesados ídolos do passado e assumir nossa liberdade, tornando-nos nós mesmo deuses como diz o Louco, citando uma das blasfêmias bíblicas. Esse mar aberto de possibilidades seria uma tal responsabilidade que, acreditava Nietzsche, muitos não estariam dispostos a enfrentá-lo. A maioria continuaria a necessitar de regras e de autoridades dizendo o que fazer, como julgar e como ler o mundo.
Da wikipédia, falando da morte de deus em Nietzsche
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deus_Est%C3%A1_Morto
Assim, a morte de Deus abriria caminho para novas possibilidades humanas. Os homens, não mais procurando vislumbrar uma realidade sobrenatural, poderiam começar a reconhecer o valor deste mundo. Assumir a morte de Deus seria livrar-se dos pesados ídolos do passado e assumir nossa liberdade, tornando-nos nós mesmo deuses como diz o Louco, citando uma das blasfêmias bíblicas. Esse mar aberto de possibilidades seria uma tal responsabilidade que, acreditava Nietzsche, muitos não estariam dispostos a enfrentá-lo. A maioria continuaria a necessitar de regras e de autoridades dizendo o que fazer, como julgar e como ler o mundo.
Da wikipédia, falando da morte de deus em Nietzsche
http://pt.wikipedia.org/wiki/Deus_Est%C3%A1_Morto
novas
Disse o profeta:
Fazia tempo que não encontrava nada tão interessante na rede. Claro que os textos encontrados na net não são tão confiáveis. Não conhecia esse texto. Mas o site é maravilhoso.
Para a Psicologia do Artista - para que haja a arte, para que haja a ação e uma visualização estética é incontornável uma precondição fisiológica: a embriaguez. A embriaguez precisa ter elevado primeiramente a excitabilidade de toda a máquina: senão não se chega à arte. Todos os modos diversamente condicionados da embriaguez ainda possuem a força para isso: antes de tudo, a embriaguez da excitação sexual, a mais antiga e original forma de embriaguez. Da mesma forma, a embriaguez que nasce como conseqüência de todo grande empenho do desejo, de toda e qualquer afecção forte; a embriaguez da festa, do combate, dos atos de bravura, da vitória, de todo e qualquer movimento extremo; a embriaguez da crueldade; a embriaguez na destruição; a embriaguez sob certas influências meteorológicas, por exemplo, a embriaguez primaveril; ou sobre as influências dos narcóticos; por fim, a embriaguez da vontade, a embriaguez de uma vontade acumulada e dilatada. – O essencial na embriaguez é o sentimento de elevação da força e da plenitude. A partir deste sentimento nos entregamos às coisas, as obrigamos a nos tomar, as violentamos.
Friedrich Nietzsche
E muito mais, na http://www.interzona.cjb.net/
Fazia tempo que não encontrava nada tão interessante na rede. Claro que os textos encontrados na net não são tão confiáveis. Não conhecia esse texto. Mas o site é maravilhoso.
Psicologia do Artista
Para a Psicologia do Artista - para que haja a arte, para que haja a ação e uma visualização estética é incontornável uma precondição fisiológica: a embriaguez. A embriaguez precisa ter elevado primeiramente a excitabilidade de toda a máquina: senão não se chega à arte. Todos os modos diversamente condicionados da embriaguez ainda possuem a força para isso: antes de tudo, a embriaguez da excitação sexual, a mais antiga e original forma de embriaguez. Da mesma forma, a embriaguez que nasce como conseqüência de todo grande empenho do desejo, de toda e qualquer afecção forte; a embriaguez da festa, do combate, dos atos de bravura, da vitória, de todo e qualquer movimento extremo; a embriaguez da crueldade; a embriaguez na destruição; a embriaguez sob certas influências meteorológicas, por exemplo, a embriaguez primaveril; ou sobre as influências dos narcóticos; por fim, a embriaguez da vontade, a embriaguez de uma vontade acumulada e dilatada. – O essencial na embriaguez é o sentimento de elevação da força e da plenitude. A partir deste sentimento nos entregamos às coisas, as obrigamos a nos tomar, as violentamos.
Friedrich Nietzsche
E muito mais, na http://www.interzona.cjb.net/
Disse o profeta:
Silêncio na torre. Agora nem os ratos ousaram sussurrar suas canções de escárnio. Sobre os tapetes esfarrapados ainda caminha a mesma figura. E nossos olhos curiosos buscam um sentido para o próximo ato. Haverá luz e som?Despertarão os sentidos entorpecidos pelo óbvio?Vago ainda, fantasmagórico, pelo passado.Custo a crer que os dias de luxúria se foram.De repente a figura para. Vira-se lentamente. Em seus olhos, chamas. Vai começar mais uma corrida pelos domínios de Hades.
Silêncio na torre. Agora nem os ratos ousaram sussurrar suas canções de escárnio. Sobre os tapetes esfarrapados ainda caminha a mesma figura. E nossos olhos curiosos buscam um sentido para o próximo ato. Haverá luz e som?Despertarão os sentidos entorpecidos pelo óbvio?Vago ainda, fantasmagórico, pelo passado.Custo a crer que os dias de luxúria se foram.De repente a figura para. Vira-se lentamente. Em seus olhos, chamas. Vai começar mais uma corrida pelos domínios de Hades.
Disse o profeta: palavras de Robires, o sábio
Vou lá comprar cigarras, pra elas cantarem na minha boca, enquanto meu sorriso continua na gaveta.
http://www.fotolog.com/everybodyknows
Vou lá comprar cigarras, pra elas cantarem na minha boca, enquanto meu sorriso continua na gaveta.
http://www.fotolog.com/everybodyknows
Disse o profeta: Eu hoje fiquei pensando nesse outro jeito de colocar as coisas. Sem maiores explicações, sem o didatismo que me persegue. Simplesmente deixá-las sobre a mesa de quem lê, dando-lhe a liberdade para construir sua história da melhor maneira que quiser.
E desta forma quero falar de um beijo que levou seis ou sete anos pra acontecer. Que guardou uma imensa emoção ao ser recebido, mas que, afinal, era um beijo. E como somos todos nós falíveis e indóceis, foi recebido também com um bocado de raiva pela espera.
Agora pululam os agregados, que um beijo assim nunca sai barato. Vamos aguardar pra ver. Não tenho mesmo a intenção, nem na verdade guardo condições, de me metamorfosear num asseado e temente a deus, pai de família. Espero que essa mensagem tenha ficado clara. Tento não me torturar com as expectativas do grupo.
Mas carinho nunca é demais. Sejas bem-vinda.
E desta forma quero falar de um beijo que levou seis ou sete anos pra acontecer. Que guardou uma imensa emoção ao ser recebido, mas que, afinal, era um beijo. E como somos todos nós falíveis e indóceis, foi recebido também com um bocado de raiva pela espera.
Agora pululam os agregados, que um beijo assim nunca sai barato. Vamos aguardar pra ver. Não tenho mesmo a intenção, nem na verdade guardo condições, de me metamorfosear num asseado e temente a deus, pai de família. Espero que essa mensagem tenha ficado clara. Tento não me torturar com as expectativas do grupo.
Mas carinho nunca é demais. Sejas bem-vinda.
Karla Hack
Disse o profeta:
A internet tá cheia de erros e curvas e disfarces. Justamente essa possibilidade de ser praticamente anônimo abre as portas para as mais variadas manifestações de medo e delírio, como no título do filme (Fear and Loathin in Las Vegas). Então a gente se depara com todo tipo de coisa. Eu hoje fui apresentado para Karla Hack (http://www.orkut.com/Album.aspx?uid=4441939947880800137). Gosto de imaginar que é um homem escrevendo como se fosse mulher. Mas no meio daquela selva de palavras, encontrei umas provocativas que me agradaram. Coisa de mulher fatal, sente só
- “Nossa” história –
Esta louca anedota de dois,
Contudo individualizados,
Perdidos na procura
por alicerces em outros
Mais instáveis que nós
Espero e Nego
Afetei sua vida?
Seus dias foram cinzas?
Provou do frio?
Flertou com a solidão apaixonada?
Espero e Nego e Amo.
Karla Hack dos Santos
A internet tá cheia de erros e curvas e disfarces. Justamente essa possibilidade de ser praticamente anônimo abre as portas para as mais variadas manifestações de medo e delírio, como no título do filme (Fear and Loathin in Las Vegas). Então a gente se depara com todo tipo de coisa. Eu hoje fui apresentado para Karla Hack (http://www.orkut.com/Album.aspx?uid=4441939947880800137). Gosto de imaginar que é um homem escrevendo como se fosse mulher. Mas no meio daquela selva de palavras, encontrei umas provocativas que me agradaram. Coisa de mulher fatal, sente só
- “Nossa” história –
Esta louca anedota de dois,
Contudo individualizados,
Perdidos na procura
por alicerces em outros
Mais instáveis que nós
Espero e Nego
Afetei sua vida?
Seus dias foram cinzas?
Provou do frio?
Flertou com a solidão apaixonada?
Espero e Nego e Amo.
Karla Hack dos Santos
Disse o profeta:
O que há de originalidade nisso tudo? De que vale nadar nesse mar de informações? Desbravar essa selva de idéias? Afinal tudo está mais do que dito e repetido. Somos grão de areia na praia, gota d'água no oceano. Ínfima partícula condenada a vagar pelo infinito. E de vez em quando pinta uma ilusão. Parece que alguém nos ouve. Está atento a nossos sentimentos e impressões. Então nosso eguinho incha, infla, parece que vai voar a qualquer momento. Para daí a pouco cair novamente. Ao percebermos que o objeto da paixão estava em busca de um espelho, no qual possa se ver, admirar-se e a seus maravilhosos atos. E, como diz (mais uma vez) Caetano: "É que narciso acha feio o que não é espelho". Tudo não passa de um jogo triste onde estamos condenados a mais dor e decepção. Não fosse essa força irresistível do instinto, haveria de viver uma vida de solidão pacífica. Então aí está, não tem saída. Pra onde se correr, aí estará o tombo.
Mais um pequeno texto recheado de esperança do seu...
O que há de originalidade nisso tudo? De que vale nadar nesse mar de informações? Desbravar essa selva de idéias? Afinal tudo está mais do que dito e repetido. Somos grão de areia na praia, gota d'água no oceano. Ínfima partícula condenada a vagar pelo infinito. E de vez em quando pinta uma ilusão. Parece que alguém nos ouve. Está atento a nossos sentimentos e impressões. Então nosso eguinho incha, infla, parece que vai voar a qualquer momento. Para daí a pouco cair novamente. Ao percebermos que o objeto da paixão estava em busca de um espelho, no qual possa se ver, admirar-se e a seus maravilhosos atos. E, como diz (mais uma vez) Caetano: "É que narciso acha feio o que não é espelho". Tudo não passa de um jogo triste onde estamos condenados a mais dor e decepção. Não fosse essa força irresistível do instinto, haveria de viver uma vida de solidão pacífica. Então aí está, não tem saída. Pra onde se correr, aí estará o tombo.
Mais um pequeno texto recheado de esperança do seu...
Disse o profeta:
Congestionamento de vassouras na convenção das bruxas.
Os semáforos, enfeitiçados, piscam em todas as cores.
Microcontos - Carlos Seabra
http://cseabra.utopia.com.br/microcontos/
Congestionamento de vassouras na convenção das bruxas.
Os semáforos, enfeitiçados, piscam em todas as cores.
Microcontos - Carlos Seabra
http://cseabra.utopia.com.br/microcontos/
Disse o profeta:
Quero dizer que não escrevo (posto, do inglês aportuguesado, postar, como se diz agora) aqui todo dia, ou com alguma regularidade, por que nunca foi essa a proposta. É pra quando tem algo pra dizer. Senão transcrevo alguma coisa legal que esteja lendo. Não é bem um diário. Tem elementos cotidianos, mais ou menos banais. Tem reflexões mais profundas. Tem reclamação barata. Tem chute estiloso. É uma salada. Eu gosto de ler o meu blog. Eu me orgulho dele. Deve ter um ou outro que leia. Mas não sou popular. Não trago uma mensagem positiva. Não tenho uma vida glamourosa. Não viajo. Não conheço ninguém famoso. Tenho lá uma vida interior e algum quilômetro de estrada. Mas não sei compartilhar tudo, abrir meu coração. Nem acho que isso tenha importância. O lance é que eu gosto de escrever. Desse jeito mesmo. Sem público, sem objetivo claro. Gosto de dar minha opinião. Eu mais perco que acho alguma coisa. Mas, como diz Caetano: como é bom poder tocar um instrumento.
Quero dizer que não escrevo (posto, do inglês aportuguesado, postar, como se diz agora) aqui todo dia, ou com alguma regularidade, por que nunca foi essa a proposta. É pra quando tem algo pra dizer. Senão transcrevo alguma coisa legal que esteja lendo. Não é bem um diário. Tem elementos cotidianos, mais ou menos banais. Tem reflexões mais profundas. Tem reclamação barata. Tem chute estiloso. É uma salada. Eu gosto de ler o meu blog. Eu me orgulho dele. Deve ter um ou outro que leia. Mas não sou popular. Não trago uma mensagem positiva. Não tenho uma vida glamourosa. Não viajo. Não conheço ninguém famoso. Tenho lá uma vida interior e algum quilômetro de estrada. Mas não sei compartilhar tudo, abrir meu coração. Nem acho que isso tenha importância. O lance é que eu gosto de escrever. Desse jeito mesmo. Sem público, sem objetivo claro. Gosto de dar minha opinião. Eu mais perco que acho alguma coisa. Mas, como diz Caetano: como é bom poder tocar um instrumento.
Disse o profeta, do mesmo Desastronauta:
Os homens práticos possuem todas as mulheres do mundo. Quanto a mim, nada entendo de mulheres e física nuclear. Mulher eu não entendo, eu abraço. Há o risco de nós, os pequenos sonhadores, ficarmos substituindo o contato direto por um prolongamento do lirismo - a mulher mais linda pode virar poema, mas acaba não indo pra cama com você. Ela gosta de estar com você, a conversa é agradável (pra ela), você é o bom, o confidente, mas quem vai dormir com ela são os outros, pois você a compreende demais para tanto, e fica a ver navios. Não que eu seja contra a amizade entre o homem e a mulher, mas essa bondade, no caso, é execrável.
Os homens práticos possuem todas as mulheres do mundo. Quanto a mim, nada entendo de mulheres e física nuclear. Mulher eu não entendo, eu abraço. Há o risco de nós, os pequenos sonhadores, ficarmos substituindo o contato direto por um prolongamento do lirismo - a mulher mais linda pode virar poema, mas acaba não indo pra cama com você. Ela gosta de estar com você, a conversa é agradável (pra ela), você é o bom, o confidente, mas quem vai dormir com ela são os outros, pois você a compreende demais para tanto, e fica a ver navios. Não que eu seja contra a amizade entre o homem e a mulher, mas essa bondade, no caso, é execrável.
o desastronauta
Disse o profeta: mais uma leitura compartilhada. Do Flávio Moreira da Costa, o Desastronauta, publicado pela Agir em 2006.
- de vez em quando dou por mim murmurando quase em voz alta "existe gente demais no mundo", isso ocorre quando estou em ruas muito movimentadas, em aglomerações - as pessoas nada significam umas pras outras, a não ser depois da longa trajetória que leva à amizade ou ao amor, enquanto isso você é apenas um vulto que passa, se você quer ter a sensação de se sentir como uma formiga, uma poeira, vá a Nova York, lá eu vi um homem chorando, gritando na estação do metrô, para que chamassem a polícia porque ele queria ser preso, tanta era a miséria, a solidão, a fome e o isolamento - os jornais chamam isso de "o drama da cidade grande", a verdade é que você é um zero, entendeu, ou melhor, apenas um/quatro milhões de avos, nada mais que isso, aceite pois, essa verdade, pequeno-burguês, operário, poeta, professorzinho, engenheiro, marginal, a não ser que você possua uma excelente conta bancária, e com o dinheiro anule muitos avos e aumente a sua importância, compre situação, prestígio, durma com mais mulheres bonitas (pois o sex-appeal está no livrinho de cheques), passe a ser conceituado "senhor Fulano de Tal", seu nome aparece em determinadas colunas de jornais, freqüenta festas black-tie, conhece simpáticas raposas políticas, convida-as para jantar e acaba - afinal de contas a sua esposa é atraente - você mesmo um político, se você é bacharel em ciências jurídicas e sociais isso ajuda, pois com o anel mágico no dedo seu handicap aumenta, e pode mesmo acabar deputado federal ou quem sabe governador (questão de cuidar das amizades) - mas isso tudo é excessão, a regra é: apenas um dado estatístico, e convém se conformar com isso - conforme-se senhor um-quatro milhão de avos! - escravidão, onde estás que não te abolem?! - mas no fundo da sua neurose acha que é até bom ser anônimo, que tem lá suas vantagens, você sabe que a humanidade se divide entre os de cima e os de baixo - e neste século surgiu em massa um estado fluídico intermediário (a classe média, mérdia, mérdia), o mais triste pois, vindo de baixo, contempla, adula, deseja o status de cima, e se chega a atingi-lo passa a ser pior que os outros, a lírica humanidade-civilização-sifilização se compõe de mau-caráteres e imbecis - você percebe onde deve se localizar - e, de repente você percebe que o mito de Sísifo não é mito coisa nenhuma, mas a pura, dura realidade: estamos sempre carregando uma pedra ladeira acima que teima em rolar novamente para baixo e recomeçamos a empurrá-la para acima e assim para sempre, amém - ai dos que não recomeçam! - e as pessoas enlouquecem quando resolvem se questionar sobre essa ação, essa força, e cada um arruma um nome-desculpa, Deus, ou isso e aquilo - literatura, literaturra, literatice - , a verdade é que o mundo caminha para o socialismo ou para o abismo, talvez para o abismo(...)
- de vez em quando dou por mim murmurando quase em voz alta "existe gente demais no mundo", isso ocorre quando estou em ruas muito movimentadas, em aglomerações - as pessoas nada significam umas pras outras, a não ser depois da longa trajetória que leva à amizade ou ao amor, enquanto isso você é apenas um vulto que passa, se você quer ter a sensação de se sentir como uma formiga, uma poeira, vá a Nova York, lá eu vi um homem chorando, gritando na estação do metrô, para que chamassem a polícia porque ele queria ser preso, tanta era a miséria, a solidão, a fome e o isolamento - os jornais chamam isso de "o drama da cidade grande", a verdade é que você é um zero, entendeu, ou melhor, apenas um/quatro milhões de avos, nada mais que isso, aceite pois, essa verdade, pequeno-burguês, operário, poeta, professorzinho, engenheiro, marginal, a não ser que você possua uma excelente conta bancária, e com o dinheiro anule muitos avos e aumente a sua importância, compre situação, prestígio, durma com mais mulheres bonitas (pois o sex-appeal está no livrinho de cheques), passe a ser conceituado "senhor Fulano de Tal", seu nome aparece em determinadas colunas de jornais, freqüenta festas black-tie, conhece simpáticas raposas políticas, convida-as para jantar e acaba - afinal de contas a sua esposa é atraente - você mesmo um político, se você é bacharel em ciências jurídicas e sociais isso ajuda, pois com o anel mágico no dedo seu handicap aumenta, e pode mesmo acabar deputado federal ou quem sabe governador (questão de cuidar das amizades) - mas isso tudo é excessão, a regra é: apenas um dado estatístico, e convém se conformar com isso - conforme-se senhor um-quatro milhão de avos! - escravidão, onde estás que não te abolem?! - mas no fundo da sua neurose acha que é até bom ser anônimo, que tem lá suas vantagens, você sabe que a humanidade se divide entre os de cima e os de baixo - e neste século surgiu em massa um estado fluídico intermediário (a classe média, mérdia, mérdia), o mais triste pois, vindo de baixo, contempla, adula, deseja o status de cima, e se chega a atingi-lo passa a ser pior que os outros, a lírica humanidade-civilização-sifilização se compõe de mau-caráteres e imbecis - você percebe onde deve se localizar - e, de repente você percebe que o mito de Sísifo não é mito coisa nenhuma, mas a pura, dura realidade: estamos sempre carregando uma pedra ladeira acima que teima em rolar novamente para baixo e recomeçamos a empurrá-la para acima e assim para sempre, amém - ai dos que não recomeçam! - e as pessoas enlouquecem quando resolvem se questionar sobre essa ação, essa força, e cada um arruma um nome-desculpa, Deus, ou isso e aquilo - literatura, literaturra, literatice - , a verdade é que o mundo caminha para o socialismo ou para o abismo, talvez para o abismo(...)
Paulo Freire falando de Chico Buarque (do livro Sem tesão não há solução)
Você vê por exemplo, um cara como o Chico Buarque. O que é que ele tem de diferente de nós? É que ele é um grande sortudo. Ele pegou cedo o maior potencial dele, que era fazer samba e poesia. Ele ia ser arquiteto. A família projetava nele todo o potencial de um arquiteto. Família de classe média alta, de intelectuais, o pai professor. E o Chico deve ter dito não: "o que eu quero é fazer samba e tomar cerveja". Isso tinha toda uma aparência de vagabundagem e de marginalidade, mas por trás disso estava tudo aquilo que aparece nas letras e músicas dos seus sambas, de sua vida e de seu lazer com cerveja e tudo. Essa atitude humana do Chico perante a sociedade, é basicamente uma atitude política. Mas uma política visceral, não inventada ou estudada. E ele teve de, no começo, aceitar ser um marginal até dentro da própria família, e só depois, tornando em obras e atitudes a sua originalidade livre é que foi conquistando o respeito que merece hoje. O Chico sempre foi e é até hoje uma pessoa profundamente incômoda ao sistema, porque é um vitorioso dentro do próprio sistema que ele combate. Mas ele venceu porque só usou o samba e a poesia, a coerência política e a cerveja, a agressividade e a beleza, o amor e a crítica, bem como as coisas populares brasileiras como arma pra defender sua originalidade única. Eram as coisas dele.
Disse o profeta:
Do livro "O Ninho da Serpente" do Pedro Juan Gutiérrez, Companhia das Letras
- Está comprovado cientificamente. As mulheres amadurecem antes de nós e são mais espertas. Além disso são muito pragmáticas e não amam. Se apaixonam um pouquinho. O único truque para controlar as mulheres é inventar um mistério, para elas ficarem ocupadas com a investigação. Quem é esse sujeito? De onde ele saiu? O que quer comigo? E por aí vai. Elas que se perguntem muitas coisas. A mulher é curiosa por natureza. E se além disso você come ela, pronto, está feito. Você é o ídolo preferido.
-E depois? Quando o tempo passa?
-Ah, você se fode. Ela já tem todas as respostas para o mistério e sabe que você é só mais um homenzinho. Comum e normal. Cheio de problemas e defeitos. O encanto se rompe.
(página 74)
A crise explodiu uns anos depois, quando eu já tinha vinte ou vinte um anos: depressivo, suicida, furioso, louco, lascivo-sádico, bêbado, agressivo. Tudo ao mesmo tempo. Autodestrutivo. Claro.. A serpente estava incubando desde a adolescência. A relação amor-e-ódio a respeito do resto da manada. Quando por fim entendi isso, comecei a me distanciar. Anti-social? Não creio. Associal. Quanto mais silêncio e solidão há ao meu redor, melhor me sinto.
(pág. 77)
Eu queria conjurar o demônio e escrever sobre tudo o que as pessoas escondem. Todos querem ser agradáveis, cultos e precavidamente sensatos. Isso não me interessava. De forma que a primeira providência era me afastar desse tipo de gente. O aprendizado seria solitário. Eu não tinha de perguntar nada. O escritor perfeito é um fantasma invisível. Ninguém pode vê-lo, mas ele escuta e vê tudo. O que há de mais íntimo e secreto em cada pessoa. Atravessa paredes e se enfia no cérebro e na alma dos outros. E depois escreve sem medo. Tem de arriscar. Quem não se atreve a chegar ao limite não tem direito de escrever. É preciso empurrar todos os personagens até o limite. É preciso aprender a fazê-lo. Mas ninguém pode ensinar como se faz isso.
(pág. 80-81)
Eu não queria trabalhar em construção. Queria fazer outra coisa. O quê? Não sabia. Tanto tempo no exército me deixou confuso. Não suportava nada que significasse autoridade. Entrei numa fase de rebelião paranóica. Às vezes, penso que estive à beira da esquizofrenia. Deixei o cabelo comprido e sujo. Não tomava banho, não fazia a barba, não cortava nem limpava as unhas. Também não usava cueca. Resolvi não trocar, nem lavar nunca o jeans. Quase não comia porque não me interessava me alimentar. Bebia e fumava muito. Não escovava os dentes e gostava do mau cheiro dos pés, de ter hálito forte, com cheiro de álcool, tabaco e cebola. Para foder com quem chegasse perto de mim. Queria ser uma jaritataca, um hiena asquerosa. Queria feder e que todos me dessem as costas. Queria falar só com o diabo. Que o diabo me aparecesse para eu discutir com ele e que gritasse para mim:
-Quem porra você pensa que é? O diabo sou eu, imbecil! Está tomando o meu lugar e vou desintregrar você.
(pág. 214)
Do livro "O Ninho da Serpente" do Pedro Juan Gutiérrez, Companhia das Letras
- Está comprovado cientificamente. As mulheres amadurecem antes de nós e são mais espertas. Além disso são muito pragmáticas e não amam. Se apaixonam um pouquinho. O único truque para controlar as mulheres é inventar um mistério, para elas ficarem ocupadas com a investigação. Quem é esse sujeito? De onde ele saiu? O que quer comigo? E por aí vai. Elas que se perguntem muitas coisas. A mulher é curiosa por natureza. E se além disso você come ela, pronto, está feito. Você é o ídolo preferido.
-E depois? Quando o tempo passa?
-Ah, você se fode. Ela já tem todas as respostas para o mistério e sabe que você é só mais um homenzinho. Comum e normal. Cheio de problemas e defeitos. O encanto se rompe.
(página 74)
A crise explodiu uns anos depois, quando eu já tinha vinte ou vinte um anos: depressivo, suicida, furioso, louco, lascivo-sádico, bêbado, agressivo. Tudo ao mesmo tempo. Autodestrutivo. Claro.. A serpente estava incubando desde a adolescência. A relação amor-e-ódio a respeito do resto da manada. Quando por fim entendi isso, comecei a me distanciar. Anti-social? Não creio. Associal. Quanto mais silêncio e solidão há ao meu redor, melhor me sinto.
(pág. 77)
Eu queria conjurar o demônio e escrever sobre tudo o que as pessoas escondem. Todos querem ser agradáveis, cultos e precavidamente sensatos. Isso não me interessava. De forma que a primeira providência era me afastar desse tipo de gente. O aprendizado seria solitário. Eu não tinha de perguntar nada. O escritor perfeito é um fantasma invisível. Ninguém pode vê-lo, mas ele escuta e vê tudo. O que há de mais íntimo e secreto em cada pessoa. Atravessa paredes e se enfia no cérebro e na alma dos outros. E depois escreve sem medo. Tem de arriscar. Quem não se atreve a chegar ao limite não tem direito de escrever. É preciso empurrar todos os personagens até o limite. É preciso aprender a fazê-lo. Mas ninguém pode ensinar como se faz isso.
(pág. 80-81)
Eu não queria trabalhar em construção. Queria fazer outra coisa. O quê? Não sabia. Tanto tempo no exército me deixou confuso. Não suportava nada que significasse autoridade. Entrei numa fase de rebelião paranóica. Às vezes, penso que estive à beira da esquizofrenia. Deixei o cabelo comprido e sujo. Não tomava banho, não fazia a barba, não cortava nem limpava as unhas. Também não usava cueca. Resolvi não trocar, nem lavar nunca o jeans. Quase não comia porque não me interessava me alimentar. Bebia e fumava muito. Não escovava os dentes e gostava do mau cheiro dos pés, de ter hálito forte, com cheiro de álcool, tabaco e cebola. Para foder com quem chegasse perto de mim. Queria ser uma jaritataca, um hiena asquerosa. Queria feder e que todos me dessem as costas. Queria falar só com o diabo. Que o diabo me aparecesse para eu discutir com ele e que gritasse para mim:
-Quem porra você pensa que é? O diabo sou eu, imbecil! Está tomando o meu lugar e vou desintregrar você.
(pág. 214)
Disse o profeta:
Florianópolis. Praia da Armação. 1965.
A família de Nelson chega alegre para mais um sábado na beira do mar. Saíram da Costeira, apetrechos em mãos: toalhas, roupas e chapéus. Além da mãe e dos irmãos, vizinhas e namoradas. Todos ao ponto de ônibus. Tudo transcorre bem. Uma hora e meia depois, uma passada na vendola, já na praia. Cachaça e bolacha. Agora é ir na casa do Sapiroca, pescador local que oferece uma modesta estrutura: almoço (arroz, feijão, peixe frito, salada de tomate e alface) e um limoeiro do lado de casa, de onde saem os frutos pra fazer a caipirinha. Comida encomendada, bebidas a postos, todos ao mar.
Floripa era outra, o mundo era outro.
Seria mais um fim de semana com a família, que Nelson, aí com seus 20 e tantos anos, aproveitaria. Não fosse a presença de Kátia, bela morena, por quem ele arrastava uma asa fazia tempo.
E naquele sábado, ele tinha posto na cabeça que ia convencê-la a ficar mais a vontade. Passou o dia, veio o fim de tarde, só os dois na praia, quando ela finalmente concordou em tirar a parte de cima do maiô. Aquele por-do-sol lindo, naquela praia ainda pouco habitada, ficaram marcados pra sempre na retina e no coração do Nelson. Tanto que me contou, 40 anos depois, com um brilho no olhar.
----------------------
Aí é que mora o perigo. Eis a situação que se coloca. Justamente nisso, a capacidade de passar o clima. Escolhi escrever de um jeito direto, enxuto e ficou coisa demais pra trás. Precisava dizer como era difícil namorar naqueles dias. Havia muito mais pudor, limites impostos pela moral vigente. Mulher tinha que casar virgem e pura. Eu ainda peguei o finalzinho desse sistema. Hoje está tudo completamente diferente. Então dá pra imaginar a felicidade do Nelson, quando deu certo. A moça topou se mostrar pra ele. Outra coisa que eu queria falar era da cidade. Florianópolis, ainda uma pequena vila e dentro dela uma praia, ainda quase virgem. Habitada somente pelos pescadores e suas famílias. Sem turistas, especulação imobiliária, filas de carros, gente, gente, gente. Tanto que o casal pode curtir um fim de tarde isolado na praia. Hoje seria impossível em quase nenhuma praia da ilha, ainda mais a Armação, super disputada.
Então foi isso, tive que explicar a piada. Perdeu a graça. Coisa de quem não conta muito bem. Fazer o que? Vamos nos agüentando.
Florianópolis. Praia da Armação. 1965.
A família de Nelson chega alegre para mais um sábado na beira do mar. Saíram da Costeira, apetrechos em mãos: toalhas, roupas e chapéus. Além da mãe e dos irmãos, vizinhas e namoradas. Todos ao ponto de ônibus. Tudo transcorre bem. Uma hora e meia depois, uma passada na vendola, já na praia. Cachaça e bolacha. Agora é ir na casa do Sapiroca, pescador local que oferece uma modesta estrutura: almoço (arroz, feijão, peixe frito, salada de tomate e alface) e um limoeiro do lado de casa, de onde saem os frutos pra fazer a caipirinha. Comida encomendada, bebidas a postos, todos ao mar.
Floripa era outra, o mundo era outro.
Seria mais um fim de semana com a família, que Nelson, aí com seus 20 e tantos anos, aproveitaria. Não fosse a presença de Kátia, bela morena, por quem ele arrastava uma asa fazia tempo.
E naquele sábado, ele tinha posto na cabeça que ia convencê-la a ficar mais a vontade. Passou o dia, veio o fim de tarde, só os dois na praia, quando ela finalmente concordou em tirar a parte de cima do maiô. Aquele por-do-sol lindo, naquela praia ainda pouco habitada, ficaram marcados pra sempre na retina e no coração do Nelson. Tanto que me contou, 40 anos depois, com um brilho no olhar.
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Aí é que mora o perigo. Eis a situação que se coloca. Justamente nisso, a capacidade de passar o clima. Escolhi escrever de um jeito direto, enxuto e ficou coisa demais pra trás. Precisava dizer como era difícil namorar naqueles dias. Havia muito mais pudor, limites impostos pela moral vigente. Mulher tinha que casar virgem e pura. Eu ainda peguei o finalzinho desse sistema. Hoje está tudo completamente diferente. Então dá pra imaginar a felicidade do Nelson, quando deu certo. A moça topou se mostrar pra ele. Outra coisa que eu queria falar era da cidade. Florianópolis, ainda uma pequena vila e dentro dela uma praia, ainda quase virgem. Habitada somente pelos pescadores e suas famílias. Sem turistas, especulação imobiliária, filas de carros, gente, gente, gente. Tanto que o casal pode curtir um fim de tarde isolado na praia. Hoje seria impossível em quase nenhuma praia da ilha, ainda mais a Armação, super disputada.
Então foi isso, tive que explicar a piada. Perdeu a graça. Coisa de quem não conta muito bem. Fazer o que? Vamos nos agüentando.
Disse o profeta:
Mega empolgadaço com um som novo que descobri no mercado de pulgas( http://mercadodepulgas.blogspot.com/). Chama-se Dona Zica. Música brasileira de primeira. Uma mistura de Tom Zé, Grupo Rumo e Karnak. Com um toque nordestino nos arranjos, a música caminha por trilhas novas, com jeitão de Arrigo, aquele povo ali, meio alternativão. A poesia é também nova, um gosto inusitado no uso das palavras. Recomendadíssimo, pra baixar já: http://d.turboupload.com/d/860168/2003donazica-composicao.rar.html
Mega empolgadaço com um som novo que descobri no mercado de pulgas( http://mercadodepulgas.blogspot.com/). Chama-se Dona Zica. Música brasileira de primeira. Uma mistura de Tom Zé, Grupo Rumo e Karnak. Com um toque nordestino nos arranjos, a música caminha por trilhas novas, com jeitão de Arrigo, aquele povo ali, meio alternativão. A poesia é também nova, um gosto inusitado no uso das palavras. Recomendadíssimo, pra baixar já: http://d.turboupload.com/d/860168/2003donazica-composicao.rar.html
Disse o profeta:
Eu gosto de escrever, mas não sei contar história direito. Talvez algumas que eu tenha vivido, alguns poemas reclamando da saudade ou saudando as doçuras da vida a dois. Mas vejo como é bonito saber contar histórias. Descrever os personagens e os ambientes. O que a gente sentiu quando participou ou ficou sabendo das aventuras. É claro que são muitas.
Minha última foi num buteco, onde estavam passando uns curta-metragens, animações e video clipes. Um povo descolado presente, umas meninas bonitas. Encontrei alguns amigos de outras datas e dentre eles a namorada do Francisco, a Samira. Magra, morena, longos cabelos negros e um olhar penetrante. Eu sabia que ela falava o grego, acho que até ensinava. Já achava espetacular uma pessoa que se dispusesse a estudar essa língua, ao mesmo tempo rara e parte da base da nossa língua portuguesa, junto com o latim.
Acontece que eu ando aí com um projeto de estudar o mandarim e contei isso pra Samira. Ela tentou me explicar a dificuldade de estudar o sistema utilizado na china, que não usa letras ou fonemas, mas ideogramas. Contou que o símbolo que forma a palavra que traduzimos como vazio, é feita dos ideogramas incêndio e floresta.
Por aí comecei a imaginar o tamanho do desafio que estou me propondo. Mergulhar numa cultura que é praticamente de outro planeta, alienígena.
Também fiquei feliz por conviver com figuras como a Samira e o Francisco, gente que tem o que dizer e compartilha com alegria e simplicidade.
Taí uma historinha. Se me der vontade e coragem conto outras.
Eu gosto de escrever, mas não sei contar história direito. Talvez algumas que eu tenha vivido, alguns poemas reclamando da saudade ou saudando as doçuras da vida a dois. Mas vejo como é bonito saber contar histórias. Descrever os personagens e os ambientes. O que a gente sentiu quando participou ou ficou sabendo das aventuras. É claro que são muitas.
Minha última foi num buteco, onde estavam passando uns curta-metragens, animações e video clipes. Um povo descolado presente, umas meninas bonitas. Encontrei alguns amigos de outras datas e dentre eles a namorada do Francisco, a Samira. Magra, morena, longos cabelos negros e um olhar penetrante. Eu sabia que ela falava o grego, acho que até ensinava. Já achava espetacular uma pessoa que se dispusesse a estudar essa língua, ao mesmo tempo rara e parte da base da nossa língua portuguesa, junto com o latim.
Acontece que eu ando aí com um projeto de estudar o mandarim e contei isso pra Samira. Ela tentou me explicar a dificuldade de estudar o sistema utilizado na china, que não usa letras ou fonemas, mas ideogramas. Contou que o símbolo que forma a palavra que traduzimos como vazio, é feita dos ideogramas incêndio e floresta.
Por aí comecei a imaginar o tamanho do desafio que estou me propondo. Mergulhar numa cultura que é praticamente de outro planeta, alienígena.
Também fiquei feliz por conviver com figuras como a Samira e o Francisco, gente que tem o que dizer e compartilha com alegria e simplicidade.
Taí uma historinha. Se me der vontade e coragem conto outras.
Disse o profeta:
Dia desses li em algum lugar que é preciso alimentar as ilusões, na vida. Que a velhice chega quando não se as tem mais.
Eu sempre alimentei a ilusão de escrever. E abraçado nela, venho suportando os altos e baixos da vida. Claro que também adoro ler. Mas ser um ávido leitor, não faz um bom escritor. É preciso mais: solidão, paciência pra encontrar aquela parte da gente que tenha algo a dizer.
Algo que seja tão imperioso que se torne uma via de acesso do autor à vida, sua e dos outros.
Registrar com algum estilo, não um amontoado de clichês que se sobrepõem. Afinal a arte está aí justamente pra isso, pra libertar o ser humano desta sucessão de martírios: físicos, emocionais, sociais e metafísicos. Nesse momento em que escrevo, possua a capacidade de dirigir minha imaginação para onde quiser. Claro que essa liberdade fica atrelada a uma série de pequenos nós, senão: o estilo em si, quais palavras escolher para dar vida ao pensamento, como não parecer pedante ou óbvio, como ser original, criativo e ao mesmo tempo simples; imaginar quem possa ler e através disso deixar o texto ser atraente, não chocar demais nem ser moralista, considerando que esse material, pelo simples ato de ser publicado, carrega alguns elementos de posteridade, pelos quais passo a ser julgado no futuro (sem exagero de imaginar-me um gênio da raça) e sabendo da extrema pulverização que veículos como a internet proporcionam, é possível imaginar que algumas pessoas possam ler estas palavras. O que levarão delas para suas vidas? Esse colocar-me no lugar do leitor é um limitante da liberdade criativa. Não deixa de ser também um deles, a vaidade do autor, que pretende alguma verdade e beleza em sua obra. Em sua busca por esses ideiais, pode eliminar elementos que, de outra forma, estariam ali presentes. Aí cabe um adendo. Eu acho que o papel da arte não é só a busca da harmonia, embora num primeiro momento seja isso que busquemos nela. Muitas vezes ela pode querer: chocar, alertar, conscientizar, através também do estranhamento, do medo e da feiúra.
Enfim, o sempre mesmo desafio de transcender e expressar. Que nos carrega vida afora na produção artística. Da renovação em termos de esperança, ou ilusão, como referíamos acima. Toda vez que me permito pegar o papel e a caneta, ou o computador e deitar ali as benditas, ou malditas, palavrinhas. Mais do que um privilégio ou uma alegria, este exercício é uma necessidade.
Neste sentido eu tenho orgulho de ser um escritor, mesmo que nunca publicado tradicionalmente. Ainda que não esteja claro o tipo de repercussão que este espaço na internet venha a representar. Eu, como milhares, milhões de outros, aqui vamos contruindo este espaço pra exprimir nossos desejos, nossa arte e alimentando nossas ilusões.
Dia desses li em algum lugar que é preciso alimentar as ilusões, na vida. Que a velhice chega quando não se as tem mais.
Eu sempre alimentei a ilusão de escrever. E abraçado nela, venho suportando os altos e baixos da vida. Claro que também adoro ler. Mas ser um ávido leitor, não faz um bom escritor. É preciso mais: solidão, paciência pra encontrar aquela parte da gente que tenha algo a dizer.
Algo que seja tão imperioso que se torne uma via de acesso do autor à vida, sua e dos outros.
Registrar com algum estilo, não um amontoado de clichês que se sobrepõem. Afinal a arte está aí justamente pra isso, pra libertar o ser humano desta sucessão de martírios: físicos, emocionais, sociais e metafísicos. Nesse momento em que escrevo, possua a capacidade de dirigir minha imaginação para onde quiser. Claro que essa liberdade fica atrelada a uma série de pequenos nós, senão: o estilo em si, quais palavras escolher para dar vida ao pensamento, como não parecer pedante ou óbvio, como ser original, criativo e ao mesmo tempo simples; imaginar quem possa ler e através disso deixar o texto ser atraente, não chocar demais nem ser moralista, considerando que esse material, pelo simples ato de ser publicado, carrega alguns elementos de posteridade, pelos quais passo a ser julgado no futuro (sem exagero de imaginar-me um gênio da raça) e sabendo da extrema pulverização que veículos como a internet proporcionam, é possível imaginar que algumas pessoas possam ler estas palavras. O que levarão delas para suas vidas? Esse colocar-me no lugar do leitor é um limitante da liberdade criativa. Não deixa de ser também um deles, a vaidade do autor, que pretende alguma verdade e beleza em sua obra. Em sua busca por esses ideiais, pode eliminar elementos que, de outra forma, estariam ali presentes. Aí cabe um adendo. Eu acho que o papel da arte não é só a busca da harmonia, embora num primeiro momento seja isso que busquemos nela. Muitas vezes ela pode querer: chocar, alertar, conscientizar, através também do estranhamento, do medo e da feiúra.
Enfim, o sempre mesmo desafio de transcender e expressar. Que nos carrega vida afora na produção artística. Da renovação em termos de esperança, ou ilusão, como referíamos acima. Toda vez que me permito pegar o papel e a caneta, ou o computador e deitar ali as benditas, ou malditas, palavrinhas. Mais do que um privilégio ou uma alegria, este exercício é uma necessidade.
Neste sentido eu tenho orgulho de ser um escritor, mesmo que nunca publicado tradicionalmente. Ainda que não esteja claro o tipo de repercussão que este espaço na internet venha a representar. Eu, como milhares, milhões de outros, aqui vamos contruindo este espaço pra exprimir nossos desejos, nossa arte e alimentando nossas ilusões.
Disse o profeta:
Do livro, O Insaciável Homem Aranha (Ed. Companhia das Letras, SP, 2004)
- O senhor conhece a bíblia?
-Conheço, gosto muito dos evangelhos.
-Ah, então o Senhor...
-Olhe, meu amor, os evangelhos são uns romances esplêndidos, mas não gosto de padres, nem de igrejas, nem de missas, nem dos ritos e das obras de teatro que montam. Nem de religião, nem de política. Por princípio, recuso tudo que constitua um eixo de poder.
-Um eixo de poder?
-É.
-Ehhh...
-Não sabe o que é um eixo de poder? É a partir de um eixo de poder que manipulam você.
(pág. 84)
Fazia um calor sufocante e me entretive olhando pela janela os vizinhos dos andares inferiores. Me pergunto se todas as vidas são tão vertiginosas e caóticas como a minha. Será que todos vivem tão desesperadamente? É insuportável. Às vezes penso que já está tudo feito. E não tem volta. Quando a gente escreve até transformar a escrita em vício, a única coisa que se faz é explorar. E para encontrar alguma coisa é preciso ir até o fundo. O pior é que, uma vez no fundo, é impossível regressar até a superfície. Não se pode sair jamais.
(pág. 87)
A gorda se foi. Fiquei sozinho com os cachorros e a novelona de Eduardo e sua mãe. Eu estava passando por um período de intolerância total. E isso é terrível. Tinha de controlar o desejo de começar a chutar os cachorros até matar. E de espatifar o rádio no chão. Essas etapas são muito dolorosas. Às vezes consigo abrandá-las um pouquinho e entro em fases de serenidade. Então as pessoas acham que sou um sujeito nobre e generoso desde nascença.
(pág. 91)
Do livro, O Insaciável Homem Aranha (Ed. Companhia das Letras, SP, 2004)
- O senhor conhece a bíblia?
-Conheço, gosto muito dos evangelhos.
-Ah, então o Senhor...
-Olhe, meu amor, os evangelhos são uns romances esplêndidos, mas não gosto de padres, nem de igrejas, nem de missas, nem dos ritos e das obras de teatro que montam. Nem de religião, nem de política. Por princípio, recuso tudo que constitua um eixo de poder.
-Um eixo de poder?
-É.
-Ehhh...
-Não sabe o que é um eixo de poder? É a partir de um eixo de poder que manipulam você.
(pág. 84)
Fazia um calor sufocante e me entretive olhando pela janela os vizinhos dos andares inferiores. Me pergunto se todas as vidas são tão vertiginosas e caóticas como a minha. Será que todos vivem tão desesperadamente? É insuportável. Às vezes penso que já está tudo feito. E não tem volta. Quando a gente escreve até transformar a escrita em vício, a única coisa que se faz é explorar. E para encontrar alguma coisa é preciso ir até o fundo. O pior é que, uma vez no fundo, é impossível regressar até a superfície. Não se pode sair jamais.
(pág. 87)
A gorda se foi. Fiquei sozinho com os cachorros e a novelona de Eduardo e sua mãe. Eu estava passando por um período de intolerância total. E isso é terrível. Tinha de controlar o desejo de começar a chutar os cachorros até matar. E de espatifar o rádio no chão. Essas etapas são muito dolorosas. Às vezes consigo abrandá-las um pouquinho e entro em fases de serenidade. Então as pessoas acham que sou um sujeito nobre e generoso desde nascença.
(pág. 91)
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