Disse o profeta:
Toda vez que eu passava pelo corredor da pensão, Gertrude parecia estar ali plantada. Era perfeita, sexo puro e enlouquecedor, e ela sabia disso, e jogava com isso, e destilava isso, e permitia que você sofresse desejando aquilo. Isso a deixava feliz. E também não me fazia mal. Ela podia simplesmente ter encerrado tudo, privando-me do calor que me provocavam aquelas gotinhas que ela deixava escorrer. Como a maioria dos homens numa situação como esta, percebi que não conseguiria nada com ela - conversas íntimas, excursões excitantes pela costa, longas caminhadas aos domingos - até que lhe tivesse feito umas quantas promessas absurdas.
- Você é um cara estranho. Passa um bocado de tempo sozinho, não?
- Sim.
- O que há de errado?
- Estive doente por muito tempo, antes daquela manhã em que você me conheceu.
- Está doente agora?
- Não.
- Então o que há de errado?
- Não gosto de pessoas.
- Você acha que isso é certo?
- Provalvelmente não.
- Você iria comigo ao cinema uma noite dessas?
Charles Bukowski in Factótum
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