Disse o profeta:

Eu daqui vivo esse sonho estranho. Esse gosto tão novo de liberdade misturada com felicidade. E me alimento desse ar como quem bebe o vinho mais sagrado do mundo. E posso compartilhar contigo meus segredos mais meus, que são agora parte de leveza de ter na vida, uma cúmplice... não, uma aliada... não, uma testemunha... não, o meu amor, a asa que me faltava pra voar pela vida... sem medo de cair, porque existe uma sagrada comunhão celebrada pelos passarinhos em cada amanhecer...
Disse o profeta:

Ela me cutuca com essa porra do senso estetico. Numa segunda leitura, me cobra coerencia com a arte. Com a vida crua de ser artista. E ainda a porra da poesia. Diz que nao gosta de gente que faz pose de poeta, se veste como poeta, sei lah o que isso significa.

Nao tem pudor nenhum. Nenhumzinho, nada. Cutuca mesmo. Tem vezes que me doi como se fosse um tabefe estralado na cara. Ultimamente ela anda reclamando demais das rimas. Mas porra, eu nao sei explicar essa coisa que vem e vai. Da forma. Sei que tem epocas que elas aparecem.

O carai de muleh braba. Essa nao tem jeito. Essa eu amo.
Disse o profeta:

Tava aqui sendo atendido por uma mulher, num serviço de atendimento ao cliente e consegui manter um contato pessoal com ela. Sem grandes intimidades, mas um furo no buraco do sistema que a todos nos padroniza e coisifica. Lembrei da luta que era tentar trepar com uma puta por amor. Ou mesmo pagando, roubar-lhe um beijo na boca. Tudibom
Disse o profeta:

Chega teu ouvidinho bem perto da minha boca. Tá me ouvindo? Eu não quero ser teu amiguinho. Não quero saber das tuas aventuras. Eu quero teu corpo. Esse que tu contas que alguns tem acesso. Quero do meu jeito. Quero prazer. E não faz mal que eu possa te parecer: egoísta, babaca ou machista. Pode ser que eu esteja nesse lugar agora por causa desse momento que estou vivendo. De estar carente e só. De estar com tesão e não ter nenhuma parceira. Vou ficar longe. Não espero que me entendas. Se quiser minha atenção, libera logo esse corpinho que parece ser de ouro (mas não é). Deves me achar tolo, simplório, iludido. Devo ser. Mas pelo menos a minha atenção eu posso escolher quem vai ter.
Disse o profeta:

vida na lata do lixo. 30 anos gordo. 10 louco.

sílvia pfeifer

Disse o profeta:

Tem um povo aí pela internet que investe num nível tão violento no visual, que parece artificial. A primeira vez que eu ouvi falar desse tipo de, digamos, postura de vida, foi com o Fausto Fawcett, aquele da Kátia Flávia. Em  87 ele já escrevia em sua música Sílvia Pfeiffer:


Silvia Pfeiffer

Copacabana

Foi transformada num super gueto de capitalismo exacerbado.
Um território, paralelo à Sarney e à Teófilo Moreira,
Um vácuo financeiro e industrial dominado por gigantescas empresas transnacionais,
Gigantescas empresas armamentistas brasileiras.

Copacabana está repleta de telões, passando gigantescas imagens de tudo.
Os habitantes do super gueto capitalista, no meio da vertigem audiovisual,
Costumam concentrar seu olhar no maior telão do mundo,
Onde passam ininterruptas imagens da mais bela e sofisticada das manequins, a manequim número um:

Silvia Pfeiffer.

E o que sentem os habitantes de um super-gueto capitalista?
De tanto ver o mundo ser transformado em imagem,
De tanto ver a vida ser transformada em show de realidade patrocinada,
Eles já não sabem o que é, e o que não é real.
Não sabem se os seus sentimentos são seus mesmos
Ou se são ficção de personalidade.

Bombardeados pelo delírio das ficções comerciais e não comerciais,
Eles vivem envolvidos com mundos que só existem no desejo.

Para eles, o invisível já é uma coisa muito vulgar, o transcendental já é algo tão banal,
Devido às excessivas fotos, vídeos, filmes,
Sobre a anti-matéria, sobre os espectros microscópicos,
Devido às excessivas imagens divulgadoras do invisível.

E quando o invisível já é uma coisa muito vulgar, quando o transcendental já é algo tão banal,
Que emoção espiritual resta para os habitantes de um super gueto capitalista,
Cujos olhos estão magnetizados pela excessiva presença de gigantescos televisores?
A ultima emoção espiritual, é a fascinação.

Fascinação por imagens cada vez mais artificiais,
Imagens que os façam pensar em mundos não humanos, em universos paralelos.
E quem são as heroínas dessa fascinação espiritual?

As manequins das revistas de moda mais sofisticadas.
Incorpóreas ladies, garotas de fisionomia etérea, mestras da sedução calculada.
No meio da vertigem audio-visual, os habitantes de um super gueto capitalista
Costumam concentrar seu olhar no rosto da mais bela e sofisticada das manequins:

A manequim número um.

Mundos não humanos,
Universos paralelos,
Fascinação espiritual,
Mundos que só existem no desejo.


Sílvia
Pfeiffer 


Prá lá de me bater com esses novos conceitos, vou, isto sim, tentando me habituar com esse novo mundo que bate à porta e em outros momentos, simplesmente arromba. Afinal, o novo sempre vem.


Clip da música de Fausto Fawcett e os robôs efêmeros.



Claro que tudo isso passa sempre pela genialidade do Blade Runner e suas consequências no inconsciente coletivo.