Disse o profeta:
Tá ouvindo? Esse tic tac? Tá comigo. Sou eu. É melhor não chegar perto. É aconselhável procurar outra estrada. A qualquer momento vai acontecer e não é bonito de se ver. Incomoda, gera dúvidas.
Ficar por perto é ter que pensar: o que será que realmente vale à pena? Cada minuto, cada segundo, vai ficando precioso, indispensável. Cada decisão, a última. Pra que viver? Quais são os desejos mais intensos e subterrâneos? Tudo isso vai acontecendo por aqui.
Tic tac. Tic tac. Com quem você passaria sua última noite? Que boca beijaria? Que palavras são basilares nessa sua construção? Uma chuva incessante de perguntas. O tempo todo. Perto de mim.
Vai, foge agora enquanto é possível. Procura a vida calma da civilização. Procura a sombra benigna do status quo.
Aqui só tem uma pressão insuportável. E esse tic tac ensurdecedor. De tão alto, ninguém mais ouve. Mas se você parar um segundo e se conseguir me ver. Num vislumbre poderá perceber que só aqui comigo está o que você procura. Você finalmente me encontrou.
Eu sou o significado mais oculto do teu sonho. O relógio que escorre pela mesa. Eu sou a última curva, antes do abraço, na linha de chegada. Eu sou o prelúdio do grande vazio.
Eu sou o grande amor do mundo.
Tic tac
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