Disse o profeta:
“Como pode, ó mártir, o bêbado dormir, ó heroína, sem babar, ó santíssima?”
Dalton Trevisan
A besta-fera gamada pela mais doce gatinha do bairro. Barba cerrada roçando a bochechinha de boneca chinesa:
- Ai benzinho, cê tá com um bafão de vinho!
- Não me incomoda. Vem cá dar um beijo.
Boca molhada, língua mole, olhos vermelhos. Sabe Deus quantos bares.
O Semi-humano emite grunhidos sem sentido, como se falasse o idioma das cavernas.
- Vem que hoje eu tô aceso.
- No café, no almoço, na janta, assim me mata.
- E não é amor?
- Sei não, parece pecado.
Mas já é tarde. Meio arrastada, meio assustada, ela sucumbe. A Besta-fera lambe os beiços e cai num sono profundo, roncando de acordar criancinha chorando.
- Assim dormindo ele parece tão inocente!
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