Disse o profeta:
foi justamente na entrada que ele percebeu que seus pés já não tocavam o chão. e a sensação do vazio, sempre presente, passou a ser uma bela companhia. não que ele esperasse demais daquele sonho bom, mas a viagem estava abrindo precedentes perigosos na sua mente, já tão alterada pelos anos contínuos de ingestão de drogas farmacêuticas, além das vendidas pelas ruas da cidade.
agora que seu equipamento de pouso estava sem qualquer uso evidente, ele desativou o último sinal de perigo que piscava incessante no equipamento de mão e de mãos dadas com o infinito presente, mergulhou sua falta de fé no último sorriso da musa.
a nave partiu desvairada. o horizonte depunha a favor de suas ambições de paz: era um por do sol, era uma manhã na floresta, era um sorriso do gato de alice.
- obrigado pelo despertar seguro em dia tão banal, - ele ainda conseguiu escrever sua última mensagem de texto, com as mãos trêmulas de prazer. e foi lentamente engolido pelo inconsciente coletivo que passava.
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