Disse o profeta:

Ele caminha na frente. Eu o sigo. Mais persigo. Seus sonhos e ideais. Talvez como um cachorro vadio que escolhe um dono, no meio da multidão. E assim reaparece em algumas esquinas. Depois pode sumir, sem qualquer explicação. Um vínculo secreto e sem tempo certo. Um jamais saberá o que quer o outro. Eu decerto não quero os sonhos dele. Um dia, uma chuva forte me varreu os medos e alguns poucos sonhos que restavam. Agora eu vago pela cidade. A cidade é o alimento preferido dos cães. O sonho será o preferido desse humano?
Mas não, esse não. Esse caminha altivo, quase como tivesse um balão atado à ponta do nariz. A lhe inflar a inconsciência da morte dos ideais. Do fim dos tempos e da história. Nosso tempo. Esse parece imune. Quase não sorri, está sempre a maquinar o próximo gesto. É, como quando se dizia: um homem de ação. E eu, cão vadio, deixo-me levar pelas nuvens. Pelos cheiros da cidade. Pela amoralidade de não pertencer a nada, senão: minha fome, minha sede, meu medo da dor e minha solidão sem medida.

2 comentários:

Gabriela Galvão disse...

"balão atado À ponta do nariz" foi mt bom!!! Am... Eu ñ sei se pertenço (a); mas se sim; eh a mim.



; )

Anônimo disse...

sorte de quem pode ser levado pelas nuvens...
Azul da Cor do Mar
Tim Maia

Composição: Tim Maia

Ah!
Se o mundo inteiro
Me pudesse ouvir
Tenho muito prá contar
Dizer que aprendi...

E na vida a gente
Tem que entender
Que um nasce prá sofrer
Enquanto o outro ri..

Mas quem sofre
Sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver...

Ver na vida algum motivo
Prá sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar...

Mas quem sofre
Sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver...

Ver na vida algum motivo
Prá sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar...