Disse o profeta:

DRAGÕES E MOCRÉIAS

O verão ainda não acabou. Para todo o lado que se olha só se vê bundão, coxão peitão, sapatão... Epa! SAPATÃO? É isso mesmo, é na temporada de caça que as armadilhas funcionam e você tem de estar esperto. Qualquer festinha pode virar festa do Lago Ness, se você marcar toca.
Nossos cientistas prepararam com muito carinho e Atalaia Jurubeba, um pequeno estudo sobre os Dragões e as Mocréias para que você esteja mais a par da fauna que assola esta maravilhosa e traiçoeira estação plena de aventura, fantasia e muito césio, drogas e roquenrou!

DRAGÕES (vulgarmente conhecido como Dragão)

Temos de convir que o estudo desta mutação da espécie humana tem evoluído de maneira bastante lenta e irregular. Pouquíssimos pesquisadores são suficientemente piroca das idéias para manter um relacionamento mais constante com os dragões, o que dificulta de sobre maneira estas pesquisas.
Contudo, podemos afirmar que os dragões são (re)conhecidos, de preferência à distância, em três modalidades básicas: os RUINS de comer, os MUITO RUINS de comer e os IMPOSSÍVEIS de comer.
Devido a sua constante intenção de chegar junto, os dragões esbarram na gente nas mais variadas ocasiões e situações, mas apresentam real perigo nas madrugadas e nos fins de noite, principalmente quando a graduação alcoólica extrapola os 51 graus P.L.Z.B. (Pra Lá de Zuzu Bem).
É nessa hora que o dragão adquire suas fantásticas capacidades miméticas, que leva o mais incauto e afoito a achar que “dá pra encarar”. Daí para a ruína moral e física é um passo.
A grande sumidade no assunto, Prof. Dr. Edílson Suplicy, em seu livro “Mitos Afro-Brasileiros, Sexualidade e Alcoolismo”, afirma que os filhos do orixá OGUM, conhecido São Jorge, emérito abatedor de dragões e chegado a um goro e a uma batalha, são os mais suscetíveis a se envolverem com os “dragos”.
Outros dois grandes experts no assunto, os Drs. Wallami Karpano e Bajara Nacajarda, autores do best-seller “As Brumas do Valão” – a mais completa obra já editada sobre o assunto – podem afirmar, depois de décadas de abnegadas pesquisas, que 100% dos casos de conjunção intima com dragões, ocasionam os seguintes efeitos colaterais imediatos: sonolência incontrolável, paumolência total e absoluta e a chamada síndrome de catapulta, que se manifesta quase sempre na manhã seguinte ao contato. Consiste em:
1- Que merda é essa?
2- Vontade incontrolável de baixar porrada.
3- Necessidade incontrolável de arremessar aquilo com força e à distância pela janela mais próxima.
4- Ressaca feladaputa.

Passemos agora à classificação dos dragões para que você possa estar mais apto a identificar e se defender do mal.

1 – DRAGÃO REAL

É o dragão por excelência, não tem jeito de ser outra coisa. É reconhecido a léguas como tal. Geralmente fuma sem parar pra que não se perceba que a fumaça expelida ininterruptamente por seu nariz é de origem orgânica. Tem de a pegar no pé e, quase sempre, não larga nem com macumba ou trovoada. Divide-se em duas subcategorias:
a) DRAGÃO DE PENACHO – tem grana e por isso certo poder de fogo. Normalmente anda cheio de ouro e outros badulaques pendurados. Tem gente que come por interesse. Várias chegam a ser cantoras de samba, funk ou MPB. Outras apresentadoras de TV e do Telejornal HOJE, da Globo.
b) DRAGÃO DI KABILÊRA – Gênero doméstico do dragão (não confundir com a rádio patroa, que é uma qualidade e não gênero). É o dragão mais agulhado, principalmente se vier num kit completo, acompanhado por dois ou três bacurinhos catarrentos chorando pracaralho. Tem gente que tem de comer por obrigação. É assim chamado por estar sempre “di kabilera” com seu consorte que, se for você, é bem feito. Quem mandou casar com dragão?

2 – TURÚ

Gênero de dragão com certa independência pessoal ou capacidade intelectual, o que lhe dá grande periculosidade por que gera uma autonomia acima da média, podendo, assim, estar presente em locais de grande suscetibilidade a seus ataques. Quando enriquece tende a transmutar-se em Dragão de Penacho e, quando se casa, em Dragão di Kabilêra (em geral os piores, já tem argumento para tudo). Os Turús, por suas sensibilidade e capacidade intelectual, podem ser ARTÍSTICOS, ESOTÉRICOS ou MILITANTES. Alguns podem misturar estas qualidades como, por exemplo, ex-cantoras de Rock que se tornam astrólogas. Outras chegam a deputadas pelo PT. Suas subcategorias são:
a) Turú Saracura – Forma um pouco mais rara e menos embuchada de Turú. Com o tempo tende a empenar. Depois da oitava vodka pode se camuflar em Raimunda Falsa Magra. Cuidado. Muitos comem por falta de alternativa.
b) Turú Tamborete: (ou simplesmente Tamborete) – Turú mais encontradiço, de escassa mimética. Com o tempo tende irremediavelmente a embaiacar. Quando em decadência se transforma na terrível Bruaca (ou Canhão), forma agravada e irreversível do Turú, podendo chegar até o estágio Berta Nutels (ou Rose Muraro), que é considerado um passo antes do Homem-elefante. Muito cuidado. Muitos nem comem.

3 – JABURU

É o dragão menos favorecido intelectualmente, não tem, normalmente, opinião formada sobre porra nenhuma e fica só lá presente com sua jaburice e aquela expressão que nos fala ao instinto atávico de arriar a mão naqueles cornos escrotos. Serve quase sempre de acompanhantes dos Turús e guardam um sorumbático silêncio, o qual advêm do medo congênito de falar alguma merda e atrapalhar o bote do Turú. Muitos comem para não ficar à toa. Outros ficam à toa para não comer. Divide-se em três subcategorias. São elas:
a) Jaburanca – quase impossível uma sobrevida muito longa após se carcar uma Jaburanca e o sofrimento físico e moral é muito grande. Abra um ferro-velho em Goiânia, mas não passe a manguaba numa Jaburanca, em hipótese nenhuma. Cabelo na palma da mão não é nada.
b) Jaburéia – um pouco menos grave que a Jaburanca. Há uma certa possibilidade de sobrevivência neste caso, principalmente se esta estiver em evolução para Jabureide. Contudo, não se deve arriscar. Alguns chegam a comer por falta de grana pra compra Playboy. Em todo o caso, se inevitável, aconselha-se o uso de camisinha, venda, walk-man e fronha.
c) Jabureide – a Jabureide é um estado limítrofe entre dragão e mocréia, para qual ainda resta uma esperança de levantando um troco e passando a andar com uma tchurminha mais interessante, ascender à condição de aratanha, gênero de mocréia acompanhante que estudaremos a seguir.

Dependendo do ângulo e da situação, a jabureide pode ser considerada comível (não tem nego que se amarra em jiló e rabo de jacaré com maxixe?), principalmente em situações de seguração de vela em acampamentos, excursões e pequenas viagens. Na falta de gererê, baralho ou violão. Não é difícil de ser cantada e dá mole fácil. Dizem que certos homeopatas unicistas mantêm haréns secretos de Jabureides e Aratanhas para estudar o seu comportamento limítrofe e trocar o óleo quinzenalmente, quando ficar russo.

- MOCRÉIAS

A Mocréia, mais que uma classificação especifica um tipo físico, traduz um jeito de ser, uma maneira de ver e levar a vida. Ou seja, você pode descolar aquele broto maneiro, tremendo aviãozinho e tal, achando que é a gata da sua vida e, de repente, perceber que se trata de uma legítima Mocréia. A Mocréia não é necessariamente escrota, de forma alguma, e é aí que reside seu grande perigo, visto que a convivência mais prolongada com uma Mocréia tende a atrofiar a inteligência e nublar o senso de ridículo. Vamos, pois a classificação:

1 – MOCRÉIA REAL

É a Mocréia por excelência. Bastante ou razoavelmente comível e facilmente classificável e identificável pelo teste BAJARANACA, ou seja: unhão pintado (inclusive no pé), dentinho preto, salto alto, leve mau hálito, cabelinho tipo musa da novela das oito. Quase sempre apresentam ótimas coxas e/ou bundinhas, peitinhos, etc. Chega a animar, se não falar demais. São encontradiças em todas as partes. Foi constatado que de uns anos pra cá a densidade de Mocréia por metro quadrado cresceu consideravelmente.
Wallami Carpano, na revista Civilização Paroara, classificou Elizangela, Angelina Muniz e Magda Cotrof (em ordem inversa) com os tipos mais bem acabados de Mocréia Real.

2 – VADIA ou VADA

É a Mocréia sexualmente mais ativa. Sofre do mal do Mal do Machado, ou seja, não pode ver pau em pé. Então, normalmente, sempre a fim pracaralho dimontão à beça, com aqueles esfuziantes coxões com umas manchinhas de pereba, aqueles peitaço espremidos naquelas blusas tamanho PP e tudo isso em total evidência o tempo todo. Adoram usar modelito “Mistruppa” e não dão a menor chance de defesa caso estejam a fim. Conta-se que, esporadicamente e sem compromisso, muitas vezes constituem um fodão, mas é bom não passar de uma ou duas vezes, nem aparece com a vada em situação social evidente por que, visto serem alcoólatras potenciais, e portarem a SÍNDROME DO VAGALUME (intermitente fogo na toba), as possibilidades de um vexame são bem grandes. Há, também, o perigo de se contrair certas doencinhas incomodas tipo herpes na peia, gonô, cavalo de crista e AIDS. É a mocra ideal para aqueles momentos em que você deixa a namoradinha em casa e cai na madrugada atrás daquilo que o Diabo (e 98% da população do planeta) gosta. Contudo não se esqueça da velha Jontex, não custa tão caro assim...(já uma reforma de jeba...). Segundo especialistas as vadas são de três tipos:
a) A PUTA: dá pra todo mundo, inclusive você.
b) A FILHA DA PUTA: da pra todo mundo, menos para você.
c) A CHATA: não dá pra ninguém, só para você (um caso em um milhão. Tas fudido veio!).

Revista Casseta Popular

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