poesia do mestre

Disse o profeta: traduzi mais um bukowski. Sempre me sinto a trair o mestre, mas vamos lá, coragem.

Ápice da dor

Ouço inclusive como riem,
As montanhas,
Acima e abaixo de suas ladeiras azuis,
E abaixo, na água,
Os peixes choram,
E toda a água
são suas lágrimas,
Ouço a água,
As noites que passo bebendo
E a tristeza se faz tão grande,
Que a ouço no meu relógio,
Se torna botões na cômoda,
Se torna papel no chão,
Se torna calçadeira,
Tíquete de lavanderia,
Se torna fumaça de cigarro
Escalando um templo de obscuras trepadeiras
Pouco importa,
Pouco amor
Ou pouca vida,
Não é tão mau.
O que conta é observar as paredes.
Eu nasci pra isso.
Nasci para roubar rosas nas avenidas da morte.

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