Disse o profeta:

o que aconteceu com o mundo? quem sou você? eu realmente perdi o fio da meada. eu, eu, eu, sempre eu, tudo eu. quero sumir. só isso. quero esquecer do que aconteceu. principalmente esquecer do cheiro da nuca. meu deus, essa liberdade de dizer qualquer coisa. escrever qualquer coisa. quem mandou ser poeta, rapaz.

esquecer, valdemarzinho, esquecer.
ontem tu te sentisses o próprio chico. é, o buarque.
hoje tu voltasses a ser o faxineiro do prédio da empregada doméstica de uma ex-namorada de um vizinho dele.
hoje o cachorro chutou o bêbado.
agora cai na real, seu idiota. esse tempo todo, ela que estava te guiando.

a mais louca de todos os loucos.

Disse o profeta:
Disse o profeta:

bala, desafio, cinto de couro. velho oeste. ela usa casaco com franja. ela fuma charuto, bebe uísque e arrota. arrota alto. eu queria ser uma banheira com pétalas de rosa. eu queria ser o perfume do poodle dela.
me arrasto pelos cantos da sala. ela é muito mais homem que eu. ela sabe. eu gosto.

nesse dia ela estava comendo macarrão. tinha molho na ponta do nariz. eu resolvi limpar sem pedir licença. ela me olho de um jeito. um jeito, saca? a cara da morte. eu nem vou dizer que me senti um verme. um verme tem algum orgulho. nem que seja o de ser um verme. brilhoso e escorregadio.

aí ela disse que eu tinha sido um menino mau. eu tremi. ela sorriu com o canto da boca.
bala, desafio, cinto de couro. finalmente gozei.