desabafffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffffo

Disse o profeta:

Não importa nada do que eu possa dizer se estou preso na certeza de que meus adversários são muito mais poderosos que eu. E exerceram seu poder fazendo-me ter vergonha de ser quem eu sou e me arrancaram o prazer de caminhar entre as pessoas e desarmaram todas as minhas defesas (que afinal residiam somente na esperança de viver num mundo melhor). Porque estiquei minhas asas e parti rumo ao sol e mais uma vez, cera derretida, sinto o sabor acre do solo. Sofro da doença dos sonhadores. Tenho necessidades primárias de liberdade. E mais uma vez averiguo que não possuo par neste mundo. Que na minha ânsia de negar as necessidades mundanas fui tornado pária. Que devo mais uma vez, cabisbaixo, retomar a faina do impossível.
Que escrever, criar, ainda proporciona um sopro dessa paixão, mas que mesmo assim podem e serão usadas contra o autor na primeira oportunidade em que se tornar inconveniente ao meio, aos pseudo-amigos e à sempre óbvia família.
Explicar? Impossível. O gosto dessas verdades que desfilaram nuas sob meus olhos extasiados, carregarei para o vazio. E nem tem nada de tão extraordinárias. Seria um prazer debulhá-las aqui. Mas parece gesto vão e minha mesquinhez não permite gestos grandiosos. Nada diria que já não foi dito. Teria apenas a impressão iluminada de tê-las sentido eu. Ficaria mais tarde com o cansaço interior tão típico ao exercício da poesia. Certeza de nada. Nem dever cumprido, nem descumprido. Prazer de ter dado uma caminhada. Ou ter ouvido certo canto melodioso de pássaro estrangeiro.
Mas que nada. Resta-me o borbulhar de angústias em dia de feriado. Enterrado no desejo de desaparecer e saber-me irremediavelmente atrelado ao custo inalcançável de viver. Venham musas refrescar-me com o vento de suas asas. Anda comigo poeta, lembra-me que tudo vale à pena, se a alma não é pequena. Dai-me tua passagem pelo planeta como prova de que existiram oásis de lirismo nessa pútrida sociedade de hipócritas escrotos. Senão deixa-me o nó na garganta. E o grito engolido pela milionésima vez:
- Vão todos para as putas que vos pariram!